segunda-feira, 10 de abril de 2017

Crítica: Fragmentado, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Acompanhamos a história de Kevin (James McAvoy, espetacular), um rapaz atormentado, que decide sequestrar a jovem Casey Cooke (Anya Taylor-Joy, do filme A Bruxa) e suas duas amigas num estacionamento. Quando acordam, elas se encontram numa espécie de porão, onde há somente uma porta. Para piorar, Kevin possui 23 personalidades diferentes, das quais comandam o seu corpo e correndo o sério risco de haver uma 24ª ainda desconhecida e muito perigosa.

Após a apresentação dos personagens, Shyamalan não tem pressa em nos dizer o que realmente está acontecendo na tela, mas sim usando charadas através da sua câmera e criando assim inúmeras possibilidades sobre o que realmente está acontecendo na história. Só começamos a ter uma base da situação quando conhecemos, não só as outras personalidades de Kevin, como também a outra peça-chave desse tabuleiro, que é a psiquiatra Karen Fletche (Betty Buckley, do clássico Carrie: A Estranha), que cuida de Kevin, mas o analisa não só para ajudá-lo, como também para estudar os significados da mente humana e seus mistérios. Mais do que um filme de suspense, Shyamalan cria um verdadeiro mosaico de significados e teorias sobre a mente do ser humano e fazendo a gente se perguntar até onde ela começa, e quando ela termina. Tanto o sequestrador, quanto a sequestrada são vitimas de abusos desde cedo, mas tendo consequências distintas se comparado ambos os casos.

James McAvoy nos brinda aqui com o melhor desempenho de toda a sua carreira, pois a sua interpretação é tão intensa e assombrosa que, por um momento, acreditamos que ele está trocando realmente de personalidade em cena. Sabendo do potencial que tem em mãos, Shyamalan não desgruda a câmera do rosto do ator e captando todas as mudanças faciais no momento da transição de uma personalidade para a outra do personagem: o plano-sequência em que Kevin se encontra em uma sessão com a psiquiatra e ocorrendo então a mudança de personalidade é desde já um dos melhores momentos do filme. Embora não seja um falso documentário, assim como foi apresentado no filme A Visita, Shyamalan pegou gosto em focar os rostos dos protagonistas durante vários minutos e registrando cada momento de mudança de comportamento deles. Embora o personagem de McAvoy seja o foco principal neste quesito, a veterana atriz Betty Buckley não fica muito atrás, já que o cineasta registra toda a ambiguidade da qual a sua personagem transmite para nós e fazendo a gente se perguntar quais os motivos dela querer ajudar Kevin a fundo, mesmo correndo sério risco de vida. As sequências de ambos em cena é sempre um deleite, não só pelo fato do extraordinário desempenho McAvoy, mas também pelo fato de Betty Buckley não ficar muito atrás no domínio de cena.

Fragmentado, não só é um dos melhores filmes de M. Night Shyamalan, como também é uma aula de como se deve ser feito os filmes atualmente, já que muitos são lançados com grandes expectativas, mas a maioria ficando sempre só na promessa.


Trailer

Fonte: www.youtube.com

Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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