domingo, 19 de fevereiro de 2017

Crítica: TONI ERDMANN, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Dirigido por Maren Ade (o Superego e você), acompanhamos o dia a dia de Winfried (Peter Simonischek), senhor de idade que gosta de usar o seu tempo livre para inventar brincadeiras, um tanto que peculiares, mas proporcionando momentos surpreendentes. Essa atitude fez com que a sua filha Ines (Sandra Hüller), uma bem sucedida empresária, se afaste dele ao longo do tempo. Após a morte do seu inseparável cachorro, Winfried decide passar uns dias com a sua filha, para tentar reatar a relação, mas ao mesmo tempo criando situações imprevisíveis, as quais fará com que, ou ela se afaste mais, ou nasça uma nova reaproximação entre os dois.

Embora com a premissa simples, Maren Ade não se apressa na apresentação de sua história e fazendo com que tenhamos tempo para conhecermos melhor os dois personagens principais e assim temos a chance de compreender melhor a realidade na qual eles vivem. Não há muitos recursos técnicos, ou até mesmo uma trilha sonora que nos chame atenção, mas sim as ações dos personagens é o que falam por si. Num primeiro momento, conhecemos a primeira faceta deles, para gradualmente conhecermos outra e mais outra, para então tentarmos entendermos os seus sentimentos e suas ações perante o mundo.

Se Winfried, por sua vez, cria um personagem animalesco, intitulado Toni Erdmann, para se infiltrar no mundo de sua filha, essa por vez usa uma parede de concreto para ocultar os seus sentimentos e aparentar ser uma pessoa fria e calculista. Tendo consciência que vive numa realidade onde o dinheiro fala mais alto, Ines não perdoa aqueles que trabalham em sua volta, principalmente daqueles que tentam tirar proveito da situação, quando na realidade terminam comendo em sua mão. Se num primeiro momento isso soa como beneficio para ela, infelizmente isso faz com que a relação com o seu pai comece a ruir, principalmente quando ele persiste cada vez mais em passar o tempo com ela. Esse cabo de guerra acaba fazendo com que ambos conheçam a realidade um do outro, e como a trama é envolta somente nessa enigmática relação de pai e filha, precisaria então de uma boa dupla de atuação e é exatamente isso que acontece. Se Peter Simonischek nos brinda com um dos personagens mais esquisitos dos últimos anos, Sandra Hüller, por sua vez, não fica muito atrás e nos brindando com uma atuação de inúmeras camadas de interpretação, mas que uma vez todas sendo apresentadas, concluímos que ela busca um equilíbrio emocional, mesmo não aparentando um descontrole perante as outras pessoas.

Com pitadas de drama e humor negro sedutor, Toni Erdmann lhe seduz com a sua mensagem otimista, mesmo perante a uma realidade em que os sentimentos são colocados em segundo plano.


Trailer

Fonte: www.youtube.com

Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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