sábado, 5 de novembro de 2016

Crítica: O CONTADOR, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Ben Affleck e Matt Damon são amigos de longa data, cresceram juntos, formaram a dupla de roteiristas de Gênio Indomável, filme do qual eles ganharam o Oscar de roteiro original. Após isso, ambos seguiram carreiras distintas: enquanto Matt Damon se consagrava como um ator versátil e atuando na franquia do espião desmemoriado Bourne, sendo esta elogiada pela crítica, Affleck por sua vez foi decaindo cada vez mais em atuações duvidosas e fracassos de bilheteria. A virada de mesa veio no momento em que Affleck começou a se dedicar na direção, dirigindo filmes como Medo da Verdade e se consagrando com um Oscar de melhor filme por Argo. Mas isso não foi o bastante para o astro que quis provar o seu valor a todo custo. Fã de HQ, Affleck fez de tudo para ser o novo Batman do cinema e que, apesar de ter despertado a ira dos fãs do personagem no princípio, ele não somente convenceu como Batman, como também irá retornar e dirigir um filme solo só dele. Mas como eu disse, Affleck vive numa fase de provar o seu potencial, ao ponto de atuar em O Contador, uma espécie de Identidade do Bourne alternativa.

Affleck interpreta uma pessoa que sofre desde jovem de uma espécie de autismo, mas que ao mesmo tempo, lhe fez ganhar a capacidade de desenvolver e solucionar contas e valores complexos. Adulto, se torna um brilhante contador, ao ponto de ser convidado por inúmeros donos de empresas para cuidar de suas contas. Porém, o seu personagem acaba se envolvendo com inúmeras organizações criminosas, fazendo dele um alvo. Dirigido por Gavin O'Connor (Guerreiro), o filme se apresenta como uma espécie de filme policial noir contemporâneo, onde a bela fotografia e trilha sonora já no principio da obra, dão uma dimensão do que virá a seguir, mas o cinéfilo mais atento irá reparar que há elementos familiares, como se o roteirista pegasse ideias já bem usadas de outros filmes ou até mesmo franquias: da já citada franquia do Bourne a Batman, e até mesmo Uma Mente Brilhante. Comparações à parte é preciso pelo menos reconhecer o esforço de Ben Affleck, pois a todo o momento ele tenta nos convencer de que é um autista, mas com uma genialidade fora do normal, o ator constrói uns trejeitos que o fazem parecer uma pessoa insociável com as demais pessoas que ele convive. É tocante, por exemplo, quando aos poucos o seu personagem começa a se interagir com pessoas da qual no fundo ele gosta, principalmente através da personagem Dana (Anna Kendrick).

Mas se até a metade do filme seja uma espécie de apresentação e construção dos personagens, após isso, o filme muda de cara e entra em um cenário de teorias de conspiração, embalado com inúmeras cenas de ação e tiroteio. Se por um lado à situação começa a sair um pouco dos trilhos da realidade, em compensação, o cineasta O'Connor se mostra hábil na construção dessas cenas, das quais ele insere uma montagem caprichada e efeitos sonoros convincentes. É nesses momentos, aliás, que me lembrou os melhores momentos da carreira de Michael Mann, principalmente com o seu clássico Fogo contra Fogo, muito embora a minha comparação possa ser um tanto que precipitada. Falando em precipitação, não se precipite com apresentação de alguns personagens num primeiro momento, pois eles são como uma espécie de cebolas, da quais gradualmente vão sendo descascadas e revelando o seu real ser. Se por um lado o misterioso Brax (Jon Bernthal) não nos engana com relação a sua verdadeira origem, por outro lado, o agente Ray King nos surpreende com suas revelações e fazendo com que o filme mude de cara de uma hora para outra. Interpretado com maestria por J.K. Simmons, o seu Ray King é o típico personagem que poderia se apresentar como medíocre, mas que ganha contornos melodramáticos arrebatadores.

Não é pelo fato de velhas fórmulas usadas em O Contador que o fazem dele um filme descartado, muito pelo contrário, pois ele é uma legitima prova de que é possível criar boas histórias que nos atraia, mesmo quando elas nos passam a todo o momento aquela sensação já conhecida do déjà-vu.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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