terça-feira, 29 de novembro de 2016

Crítica: ELLE, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Até a pouco tempo me perguntava por onde anda ‘Paul Verhoeven’, pois estamos falando do cineasta responsável pelo nascimento de pérolas como Robocop, Vingador do Futuro, Instinto Selvagem e dentre outros. Mas devido a sua visão crítica, cuja maioria dos seus filmes explora a frieza da alma humana contemporânea, ele meio que acabou se tornando um autor estranho numa terra americana dominada pelo politicamente correto. Nada melhor então do que mudar de território, mais precisamente na França, onde lança Elle, provavelmente um dos melhores e mais provocativos filmes do ano. Baseado na obra de Philippe Djian, o filme já começa com um soco no estômago, onde presenciamos Michèle (Isabelle Huppert, extraordinária), uma bem sucedida dona de uma empresa de vídeo games, ser brutalmente estuprada por um misterioso mascarado dentro de sua casa. Mas ao invés de cair na fragilização, Michèle age como se nada tivesse acontecido e segue na vida de negócios com punho de ferro. Mas ao mesmo tempo em que ela tenta descobrir o autor do ato, aos poucos o seu passado trágico bate a sua porta.

Com toques de suspense (bem ao estilo Hitchcock), drama, humor negro e sensualidade, o filme é uma pequena representação do mundo atual, mais precisamente sobre determinados grupos de pessoas que possuem a faca e o queijo na mão para obterem a felicidade, mas que não conseguem saber administrar tal feito. Dinheiro, traições e interesses rondam a vida de Michèle, sendo que esses elementos a tornam uma mulher fria e calculista. Enfrentar essa realidade é não transmitir fragilidade, e coube Isabelle Huppert realizar tal feito, e é através dos demais personagens, que obtemos um mosaico de figuras pálidas perante a sua personalidade forte: o ex-marido (Charles Berling) vivendo pela sua sombra; um filho (Jonas Bloquet) dependente dela e pau mandado da namorada; um amante (Christian Berkel) mau caráter e justamente marido de sua melhor amiga (Anne Consigny) e uma mãe (Judith Magre) fora de sintonia com a realidade e sendo sugada por um namorado Gigolô. Mas, fora esses personagens, em que pé se encontra o estuprador? Por muitos momentos, o mistério em torno da real identidade do estuprador, serve apenas para movimentar as pedras desse xadrez e revelar cada vez mais o ser que está por detrás da protagonista.

Em um único filme, Paul Verhoeven coloca todos esses elementos vistos em suas obras anteriores e criando então uma trama provocativa e cheia de simbolismos. Um filme que, talvez, simbolize um pouco de sua busca pela estabilidade e controle criativo de suas obras. Coisa que talvez ele nunca tenha adquirido em território americano.


Trailer

Fonte: www.youtube.com

Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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