sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Crítica: Ben-Hur (2016), ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Refilmagens sempre serão vistas com desconfiança, principalmente quando a refilmagem é de um grande clássico. Porém, são poucos que sabem que Ben-Hur de 1959 é na realidade a terceira versão do conto (a primeira data de 1907), e prova que não é de hoje que o cinema americano revisita as suas obras. Por isso, é preciso assistir a essa mais nova versão do clássico, de mente aberta e sem exigir muito dela, pois o filme em si, não tem a pretensão para tanto.

Dirigido Timur Bekmambetov (Procurado), acompanhamos a história da forte amizade entre o príncipe judeu Judah Bem-Hur (Jack Huston) e o romano Messala (Toby Kebbell), sendo ambos criados como irmãos. Embora os fortes laços com a família que o criou, o governo romano atrai os desejos de Messala para ganhar mais reconhecimento e ser independente em vida. Isso gerará consequências desastrosas e fará com que ambos os irmãos entrem em um terrível conflito.

Quem conhece a história de cor e salteado, já sabe o que irá acontecer durante o filme. Porém, não esperem por passagens semelhantes como a do filme de 1959 e tão pouco por algo que foi lido no livro de Lew Wallace, pois se na versão estrelada por Charlton Heston não há indícios de que houve uma relação homossexual entre Bem-Hur e Messala (embora Stephen Boyd tenha trabalhado bem com a ideia na época sem que o astro conservador percebesse), esse novo filme também não trás nada com relação a isso. Porém, assistir a esse filme é como se assistíssemos a trama pela primeira vez, pois há uma identidade própria nessa versão. Com isso, sempre quando nos preparamos para um próximo ato do qual sabemos o que irá acontecer, somos surpreendidos da forma como ele é novamente encenado para o público de hoje. Não há como negar que a cena onde vemos o protagonista já escravizado e remando no navio romano durante a guerra contra os gregos, chega a ser tão boa quanto à versão de 1959. Graças a uma bela fotografia, e uma trilha sonora inquietante.

O filme funciona muito graças a Jack Huston em cena, pois embora ainda tenha muito que provar com relação a sua versatilidade, aqui ele conseguiu criar um Bem-Hur com uma presença forte em cenas das quais exigem um grau de dramaticidade. O mesmo se pode dizer de Toby Kebbell (Warcraft) como Messala, pois se na versão de 1959, Stephen Boyd era uma vilania em pessoa, aqui vemos um personagem dividido no que ele acredita vindo de Roma, como também em relação aos laços que ele tem com Bem-Hur e sua família. Já Morgan Freeman como Ildarin não é um grande desafio para o veterano ator, pois a sua presença em cena já basta.

E se muitas pessoas duvidavam que essa nova versão da corrida de bigas (quando se trata de quatro cavalos, o nome correto é ‘quadrigas’) jamais superaria a clássica, devo confessar que ela me empolgou muito. Não que ela supere ao que foi apreciado em 1959, mas o cineasta Bekmambetov usou o melhor da pirotecnia atual para passar um grau de verossimilhança na sequência e fazê-la dela crua e brutal. O final dela todos nós conhecemos, muito embora com resultados bem diferentes. Infelizmente após essa sequência, o filme decai muito, principalmente pelo fato de todas as pontas soltas da trama serem finalizadas um tanto que rápidas demais, como se os roteiristas temessem em estar testando a paciência do cinéfilo. Esse passo em falso acabou prejudicando o desempenho de Rodrigo Santoro como Jesus Cristo em cena, pois sua participação é pequena, embora poderosa. A meu ver muitas cenas com o ator foram cortadas e dando a sensação clara de que havia muito mais a oferecer do que foi apresentado.

Com esses pesares, Ben-Hur pelo menos não ofende aqueles que defendem com unhas e dentes a versão de 1959 e pode ser visto sem medo, desde que não exija demais do longa-metragem.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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