domingo, 4 de setembro de 2016

Crítica: ÁGUAS RASAS, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


O clássico Tubarão de 1975 mexeu tanto com os alicerces do cinema americano que não demorou muito para que houvesse continuações e imitações, uma pior do que a outra, ao longo dos anos. Nos anos atuais não foi muito diferente e tivemos inúmeras outras pérolas beirando ao trash, como no caso do inacreditável Tornado de Tubarões. Quando parecia que o subgênero cairia no esquecimento, eis que surge Águas Rasas, um pequeno, mas eficiente filme de suspense.

Dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (A Órfã) acompanhamos a viagem de Nancy (Blake Lively) para uma praia paradisíaca, onde sua mãe já falecida esteve lá um dia. Ao chegar ao local, ela começa a curtir as ondas perigosas que o mar lhe trás. Porém, um tubarão branco começa a transformar o dia da garota num verdadeiro inferno e faz com que ela fique em uma mínima ilha de corais, distante da beira da praia. É basicamente isso o filme, onde tudo se concentra na presença de sua protagonista e as suas motivações que a levam aquele lugar para tirar umas férias e que acaba dando tudo errado. Talvez alguns até se incomodem do pequeno drama inserido na trama, por exemplo, de ela ter perdido a mãe na luta contra o câncer e que pode soar um tanto que artificial demais em alguns momentos. Porém, isso serve para humanizar e simpatizarmos com a personagem, pois só colocá-la na água e encarar a fera, talvez isso não fosse o suficiente para torcemos por ela sobreviver.

O genial do filme está na construção do cenário de terror que irá dominar aquele paraíso. Gradualmente a personagem se dá conta que não está sozinha num momento de calmaria, e é ai que ela precisa agir para sobreviver. Com a perna ferida e mínimos recursos de sobrevivência, Nancy usa o pouco conhecimento que possuí, como estudante de medicina, para agir contra o tempo, pois por alguma razão (magia de cinema?) o tubarão jamais sai de perto onde ela se encontra. Tem se então um verdadeiro cruzamento entre 127 horas com Tubarão e dessa mistura se cria um verdadeiro duelo do ser humano contra a natureza implacável.

O cineasta foi também habilidoso nas montagens de cena, onde em um único momento presenciamos três quadros em um, para assim então termos uma total plenitude do ponto dos acontecimentos. O ápice desses momentos é quando a protagonista calcula com o seu relógio a aproximação e o afastamento do tubarão, enquanto ela encontra uma maneira de obter recursos para sobreviver. São momentos como esse em que a montagem e ângulos fora do padrão, que fazem o filme tão envolvente.

O filme somente peca no seu ato final, onde a protagonista fará de tudo para sobreviver, nem que para isso quebre certas leis da realidade do lado de cá. Claro que estamos falando de um filme de suspense com umas pitadas de ação, mas ao mesmo tempo, sempre exigimos certo grau de verossimilhança nas cenas apresentadas de determinados filmes.

Apesar dos pesares, Águas rasas é eficiente em entreter e fazer com que pulemos da poltrona, em momentos chaves. Um exemplo de pequeno filme, mas que tem muito a oferecer em pouco mais de uma hora de sessão.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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