quarta-feira, 2 de março de 2016

Sua história: a minha. ‘Realizadoras brasileiras contemporâneas’.




A Sala Redenção – Cinema Universitário, em parceria com o projeto Academia das Musas, do grupo de estudos Aurora, e Sesc/RS, apresentam sessões comentadas de documentários de cineastas brasileiras. Quatro longas e quatro curtas serão exibidos nas quartas-feiras do mês de março, todo eles seguidos de debates.

Na programação teremos a exibição de Bruta Aventura em Versos (2011) ‘imagem acima’, de Letícia Simões, sobre a poeta brasileira Ana Cristina Cesar, nome de destaque da poesia produzida no Brasil no final dos anos 1970 e início dos 1980. O longa de Simões parte de depoimentos de escritores e amigos da poeta que, na leitura de seus versos, tentam desvendar os caminhos criativos de Ana C., poeta que colocou em xeque a questão da subjetividade na escrita e os limites entre ficção e realidade, ao apresentar poemas vazados em forma de diários, cartas e cartões postais. Na sessão também exibiremos o vídeo-carta intitulado Uma Carta (2015), de Bruna Giuliatti, que tem na leitura de Ana C. e nos efeitos dela sua grande influência para a realização da obra.

O segundo longa-metragem programado é Diário de uma busca (2011), de Flávia Castro. Tal documentário nasce do desejo da realizadora de contar a história de seu pai, um militante de esquerda dos anos de chumbo, durante a ditadura militar no Brasil. O que impressiona no documentário de Casto não é tanto a construção da história e as escolhas para dar conta da narrativa fílmica, mas, antes, os desencontros, o processo em si das filmagens, em constante desconstrução, da história do pai (e do pai), que era seu projeto inicial. Será exibido também o 2003 (2009), dirigido pela brasileira Melissa Dullius, que vive em Berlim onde produz diversos filmes em parceria com Gustavo Jahn, com quem integra o grupo Distruktur. A dupla apresentou Muito Romântico, seu filme mais recente este ano no Festival de Berlim.

Olmo e a gaivota (2015) com direção de Petra Costa, e codireção da dinamarquesa Lea Glob, é o terceiro longa a ser exibido. Classificado como documentário, o filme, na verdade, explora a fronteira entre ficção e realidade e como isso acontece em uma obra fílmica. Dois atores do Théâtre du Soleil, Olivia Corsini e Serge Nicolaï, representam a si mesmos na experiência da gravidez real da atriz, e experiência da encenação da peça A Gaivota, do russo Tchekhov. O curta da sessão é o Madrepérola (2015), de Deise Hauenstein, premiado nos Festivais de Gramado e Tiradentes. O documentário trata dos padrões de beleza impostos pela sociedade e a descoberta da beleza real pelas mulheres.

Para encerrar o ciclo, exibiremos Os dias com ele (2013) de Maria Clara Escobar, que também trata do desejo de uma cineasta de realizar um documentário sobre a vida pouco conhecida de seu pai, um intelectual preso e torturado na época da ditadora militar. Embora de forma diferente, o filme de Escobar se aproxima, de certa forma, do longa de Castro. Importante é justamente analisar o processo de realização de cada uma das cineastas para dar conta da narrativa. O curta–metragem que acompanha a sessão é Ivan, de Larissa Lewandoski, realizadora porto-alegrense. Em meio ao campo "libertações" são retratadas, no curta.

Sua história: a minha. realizadoras brasileiras contemporâneas conta com a curadoria de três integrantes do grupo de pesquisa Academia das Musas, que se propõe pesquisar a obra de cineastas mulheres na história do cinema, sobretudo no cinema nacional. Não se trata de investigar um "olhar feminino" nas obras estudadas, nem de analisar a representação da mulher no cinema, mas sim de mapear a produção de diretoras, assistir, discutir e ampliar o acesso a seus filmes e divulgar suas cinematografias.

Bruna Giuliatti, Juliana Costa e Tânia Cardoso de Cardoso: curadoras da mostra e integrantes do grupo de pesquisa Academia das Musas.


· Filmes em HD e Bluray.


O Quê: Sua história: a minha. ‘Realizadoras brasileiras contemporâneas’

Quando: 09, 16, 23, 30 de março

Onde: Sala Redenção – Cinema Universitário (Rua Eng. Luiz Englert, s/n., Campus Central UFRGS

Quanto: Entrada Franca


Bruta Aventura em Verso (Brasil, 2011, 74min) dir. Letícia Simões
09 de março – quarta-feira – 19h
A escritora Ana Cristina Cesar foi um ícone da poesia marginal dos anos 70 no Rio de Janeiro. Partindo da apropriação de sua obra por outros artistas, o documentário procurava captar a beleza e a originalidade de sua escrita através do olhar de autores, dançarinos, poetas e amigos – todos seus leitores.

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Uma Carta (Brasil, 2015, 2min) dir. Bruna Giuliatti
Carta pessoal da diretora apresentada em formato de vídeo que dialoga com a obra de Ana Cristina Cesar.
Após a sessão, debate com Tânia Cardoso de Cardoso, coordenadora e curadora da Sala Redenção e Bruna Giuliatti, diretora do curta Uma Carta.

Diário de uma busca (Brasil, 2011, 110min) dir. Flávia Castro
16 de março – quarta-feira – 19h
O jornalista Celso Afonso Gay de Castro morreu na cidade de Porto Alegre em circunstâncias suspeitas. O militante político de esquerda foi exilado durante a ditadura militar brasileira. Uma vida marcada pela história da luta armada, exílio e ausência. Sua repentina morte deixou seus familiares com um vazio e um mistério, que a filha Flavia tenta desvendar.

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2003 (Brasil/Berlim, 2009, 5min), dir. Melissa Dullius
Amantes aquáticos navegam em uma tempestade de verão.
Após a sessão, debate com Marina Ludemann, Diretora Executiva do Instituto Goethe de Porto Alegre e com Isabel Waquil, produtora cultural do Instituto Goethe.

O Olmo e a Gaivota (Brasil, França, Dinamarca, Portugal, 2015, 90min) Dir. Petra Costa e Lea Glob
23 de março – quarta-feira – 19h
Olívia (Olivia Corsini) é uma atriz que está ensaiando a peça A Gaivota, de Anton Tchekov, quando descobre que está grávida. Enquanto a produção avança, o bebê dentro dela cresce e um acidente a afasta da montagem, que tem seu companheiro como protagonista.

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Madrepérola (Brasil, 2015, 14min), dir. Deise Hauenstein
Em uma maré alheia à diversidade vivem ostras que são afetadas por serem consideradas fora dos padrões e medidas. Essa é a uma história de como as pérolas se formam.
Após a sessão, Debate com Martha Perrone, atriz e corroteirista de Olmo e a Gaivota; e com Bibiana Osório, jornalista, produtora audiovisual e mestranda em Comunicação.

Os dias com ele (Brasil, 2014, 100min) dir. Maria Clara Escobar
30 de março- quarta-feira – 19h
Maria Clara mergulha no passado quase desconhecido de seu pai, Carlos Henrique Escobar. As descobertas e frustrações de acessar a memória de um homem e de um período da história brasileira cheio de lacunas.

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Ivan (Brasil, 2015, 11 min) Dir. Larissa Lewandoski
Em meio aos campos, "libertações" são retratadas.
Após a sessão, debate com Maria Clara Escobar, diretora de Os dias com ele; Juliana Costa, integrante do grupo Academia das Musas; e Alice Castiel, produtora audiovisual.


Fonte: Coordenação e curadoria da Sala Redenção – Cinema Universitário: Tânia Cardoso de Cardoso.

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