sábado, 6 de fevereiro de 2016

Crítica: STEVE JOBS, O Filme, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


No filme A Rede Social, de David Fincher, o criador de uma das redes sociais mais populares do mundo, se apresentava como um ser que não media esforços para conseguir os seus objetivos, nem que para isso perdesse amigos e aliados ao longo do caminho. Ali se percebe um gênio fora do normal, mas que, por vezes, se esquece do que nos faz humanos. Igualmente também visto como um Deus da informativa, Steve Jobs sempre foi endeusado dessa maneira pela imprensa, mas aqui vemos um Jobs humano, ou seja, nada de anjo ou demônio, mas sim um ser com pensamentos e ideias a frente do tempo, mas que lhe faltava alguma peça no seu peito.

Dirigido por Danny Boyle (Quem quer ser um milionário?) o filme não se concentra no começo, meio e fim da vida e obra de Steve Jobs, mas sim em três apresentações, em épocas diferentes, em que ele lança os seus principais inventos da Apple e que revolucionariam a informática. O filme se divide em três atos: 1984, 1988 e 1998, onde cada ano é apresentado uma parte da trama principal, da qual vemos o protagonista mudando gradualmente e questionando os seus próprios atos, mas nunca deixando baixar á guarda por completo.

Se formos simplificar o filme, a trama gira em torno na difícil relação pai e filha, do qual essa última tenta conseguir atenção afetiva de um homem que vive somente do trabalho. Logicamente que isso é um artifício que já foi usado à exaustão no cinema americano, mas aqui funciona, pois para cairmos nesse universo do quais números, dinheiro, negócios e o universo da informática dominam, era necessário um toque humano para adentrarmos facilmente nessa realidade. Uma vez o cinéfilo conquistado, graças a essa velha formula, consegue então aceitar numa boa a verdadeira montanha russa que Jobs enfrenta no decorrer das décadas, em que amigos, aliados e inimigos tentam a todo momento, derrubá-lo.

Como muitos sabem, Danny Boyle gosta de criar um verdadeiro vídeo clipe na suas montagens de cena e aqui não é diferente. A trama que, poderia soar complicada, acaba se tornando elegante graças ao ritmo que o cineasta injeta nas cenas e fazem delas um verdadeiro balé, seja nos cortes rápidos, seja nos planos sequências que são muito bem vindo aos nossos olhos. Porém, o cineasta falha um pouco ao injetar uma trilha sonora, cuja ela está ali para se casar com as cenas, sendo algo que, até mesmo nos remete o filme ‘A Rede Social’, mas aqui isso acaba soando meio que repetitivo. Mas isso passa despercebido, uma vez que o elenco principal rouba a cena principalmente através da interpretação fantasmagórica de Michael Fassbender (Shame) como Steven Jobs. Mais do que meramente caracterizado, Fassbender encarna um Jobs do qual poderia realmente ter sido no mundo real, que vai desde o egocêntrico, pretensioso, calculista, arrogante e inescrupuloso. Porém, o astro faz com que todas essas personalidades sejam gradualmente contestadas por nós, pois lá no fundo temos fé que ele vai baixar a sua guarda, mesmo quando ele não sede em reconhecer os esforços dos seus colegas de trabalho.

Essa nossa fé em surgir um Jobs mais humano e menos arrogante é personificado em sua assistente pessoal Joanna Hoffman que, mesmo que indiretamente, acaba se envolvendo emocionalmente na vida pessoal de Jobs. Kate Winslet dá um show novamente de interpretação, onde ela simplesmente desaparece e dando lugar a Hoffman. Acredite, pois nos primeiros minutos de projeção, você não irá saber onde Winslet está. Não é a toa que nas últimas premiações ela tem sido a grande vencedora e tendo se tornado uma forte concorrente ao Oscar de atriz coadjuvante.

Curto, pretensioso, mas ao mesmo tempo, nenhum pouco ambicioso, Steven Jobs não é um filme que irá mudar a vida de ninguém, mas que com certeza somente irá jogar uma luz sobre quem poderia ter sido o protagonista realmente.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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