segunda-feira, 27 de julho de 2015

Docs Musicais América Latina no 10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo.




A rica musicalidade latino-americana tem sua vitrine permanente no 10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo na seção Docs Musicais América Latina. No total, estão reunidas doze produções. São sete filmes brasileiros sobre nomes marcantes da história da MPB – como Elza Soares, Dominguinhos, Paulo Moura e Carlos Imperial – ao lado de artistas mais recentes (Premê, Gangrena Gasosa e Sabotage). Já a seleção internacional traz cinco produções inéditas no Brasil vindas da Argentina, Colômbia e México. Grupos como Los Peyotes, Pescado Rabioso e o mito Luis Alberto Spinetta, da Argentina, são protagonistas de três dos filmes. Há espaço ainda para os sistemas de som artesanais da costa atlântica colombiana dos anos 1960 e para a musicalidade da região mexicana de Tijuana.

Um dos pais do rock argentino, Luis Alberto Spinetta (1950-2012), conhecido como El Flaco, foi um cantor, guitarrista, poeta e compositor argentino, considerado um dos mais importantes de seu país. A grande complexidade instrumental, lírica e poética de suas obras lhe valeu o reconhecimento na América Latina e em todo o mundo. Foi o líder dos grupos Almendra - considerado como um dos fundadores do rock na Argentina - além de Invisible, Spinetta Jade, Spinetta y los Socios deo Desierto e Pescado Rabioso. Este último teve seu concerto de reencontro, após 28 anos, filmado por Lidia Milani. “Pescado Rabioso – Uma Utopia Incurável” (Argentina, 2012), focaliza o grupo no show Spinetta y las Bandas Eternas, que foi organizado no estádio do Velez Sarsfield em 4/12/2009. A câmera acompanha os ensaios e as situações que ocorrem, brincadeiras, abraços, músicas e conversas profundas com os integrantes do Pescado Rabioso sobre o significado de voltar a tocar juntos, lembrando o que ocorria na Argentina no início dos anos 1970 e com a sensação de que uma mudança estava ocorrendo no mundo.

Já “Blues dos Plomos” (Argentina, 2013), de Paulo Soria e Gabriel Patrono, se detém nas lembranças de diversos roadies de todas as épocas do rock argentino, especialmente no trabalho de Aníbal “La Vieja” Barrios, assistente do mito Luis Alberto Spinetta. O filme conta também a história da “Canción de los Plomos”, que deu voz a esses homens fortes e fundamentais para a montagem de um cenário, lançando luz sobre o universo dos “operários do rock”. O diretor Paulo Soria assina também os filmes de ficção “100% Lucha: El Amo de los Clones” (2009) e “Nunca Más Asistas a Este Tipo de Fiestas” (2010), ambos codirigidos com Pablo Parés.

“Não Tenho Nada” (Argentina, 2013), de Alvaro Cifuentes, traz a energia do rock de garagem do grupo argentino Los Peyotes, surgido no início dos anos 2000. A banda fala fora do palco, e são animalescamente sinceros com seu caráter animal. No palco, ganham vida e são lascivos, guturais, crus. O diretor Cifuentes é realizador do longa-metragem “Noche Sin Fortuna” (2011), exibido nos festivais de Buenos Aires, Havana, Toulouse e no Lakino de Berlim.

Um setor da população da costa atlântica colombiana desenvolveu uma alternativa para desfrutar e ao mesmo tempo divulgar a música de sua preferência. Para isso construíram artesanalmente sistemas de som capazes de desencadear uma enorme festa. Essas máquinas de som do Caribe colombiano receberam o nome de picó. Esta parte pouco explorada da história musical colombiana é narrada em “Picó – A Máquina Musical do Caribe” (Colômbia, 2014), de Roberto de Zubiría e Sergio Zaraza, tendo por condutora de uma família de Barranquilla, proprietária do picó “El Jude”.

A banda San Pedro El Cortez, uma das bandas mais representativas da cidade de Tijuana, está no centro de “Lixo” (México, 2013), de Carlos Matsuo. Na ativa desde 2006, o grupo durante muito tempo viveu no ostracismo. Agora, depois de uma onda de interesse por artistas da região, eles têm a oportunidade de mostrar por que são a aposta da nova música mexicana.

Em “Dominguinhos” (Brasil, 2014), raras e preciosas imagens de arquivo e de encontros musicais marcantes com importantes artistas como Gilberto Gil, Gal Costa, Hermeto Pascoal, Djavan, Nara Leão, Luiz Gonzaga, entre outros, é revelado esse verdadeiro gênio da música brasileira, criador de uma obra profundamente autêntica, universal e contemporânea. O documentário – dirigido por Joaquim Castro, Eduardo Nazarian e Mariana Aydar –, valoriza a experiência sensorial e cinematográfica, numa viagem conduzida pelo próprio Dominguinhos.

Carlos Imperial descobriu artistas como Roberto e Erasmo Carlos, Tim Maia, Wilson Simonal e Elis Regina. Compôs clássicos como “Vem Quente que Eu Estou Fervendo” e “Nem Vem que Não Tem”. Cafajeste, mentiroso e mulherengo, criava factoides para promover seus lançamentos e conquistar espaço na mídia. O documentário “Eu Sou Carlos Imperial” (Brasil, 2015), de Renato Terra e Ricardo Calil, mostra sua trajetória, misturando verdades e mentiras, ficção e realidade, depoimentos documentais e encenados, com falas de Roberto e Erasmo Carlos, Tony Tornado, entre outros.

Gangrena Gasosa é uma banda carioca emblemática que mistura metal, hardcore e macumba, com direito a figurinos de entidades e despachos reais arremessados contra o público. No longa-metragem “Gangrena Gasosa – Desagradável” (Brasil, 2013) o diretor Fernando Rick revisita a carreira do grupo, que inclui relatos de atropelamento de trem, espancamentos, maldições, turnê na Europa e todo tipo de desventura.

No documentário “My Name is Now, Elza Soares” (Brasil, 2014), a cantora aparece em closes, contando histórias, cantando ou até brincando de espalhar o batom em torno de seus lábios. Dirigida por Elizabete Martins Campos, a obra privilegia as imagens e os sons, evitando sequências didáticas que expliquem a trajetória de Elza. Músicas por ela interpretadas incluem “Se Acaso Você Chegasse”, “Volta por Cima” e “A Carne”.

Reunindo vestígios filmados e gravados mundo afora ao longo de quatro décadas, em “Paulo Moura – Alma Brasileira” (Brasil, 2012) o diretor Eduardo Escorel propõe um mosaico formado com peças unidas por livre associação para compor um retrato da carreira musical e da personalidade de Paulo Moura (1932-2010). Clarinetista, saxofonista, compositor, arranjador e regente, o músico apresenta 25 canções do seu repertório e narra, em depoimento inédito, sua própria trajetória. Importante montador de filmes de Glauber Rocha, Carlos Diegues e Leon Hirzsman, entre outros, Eduardo Escorel também a direção de “Lição de Amor” (1975), vencedor do prêmio de melhor direção do Festival de Gramado, “Ato de Violência” (1980), vencedor do prêmio de melhor direção do Festival de Brasília, “Vocação do Poder” (2005).

Com 39 anos, o Premê é uma banda da vanguarda paulistana. As apresentações são cada vez menos frequentes. O documentário “Premê – Quase Lindo” (Brasil, 2014), de Alexandre Sorriso e Danilo Moraes, mostra imagens raras – muitas delas inéditas até para seus fãs mais devotos –, shows, ensaios e programas de TV. A obra comprova que o grupo manteve sua identidade musical bem-humorada, atualizada com os assuntos do cotidiano nacional, além de compor verdadeiras crônicas sociais urbanas com qualidade técnica e harmônica indiscutível.

Mauro Mateus dos Santos ficou conhecido no Brasil através de outro nome: Sabotage. Crescendo em meio à pobreza de São Paulo, encontrou no rap, com singularidade musical, espaço para se expressar e tornou-se referência desse estilo musical. Chamado de “Garrincha” da rima, “Che Guevara” do rap e comparado a artistas como Bob Marley e Chico Science, em pouco mais de dois anos de carreira e um único disco lançado, conseguiu deixar uma marca profunda na história e uma legião de fãs e seguidores. Foi assassinado em 2003, com menos de 30 anos de idade. Esta trajetória é recuperada no longa-metragem “Sabotage: O Maestro do Canão” (2015, 107 min), dirigido por Ivan 13P. Participam do filme a família, amigos e parceiros do rapper. Estão presentes nomes como Mano Brown, Rappin’ Hood, Rodrigo Brandão, Thaíde, Andreas Kisser, BNegão, João Gordo e o ator Ailton Graça.


Serviço:

10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo

30 de julho a 5 de agosto de 2015

Abertura: 29 de julho de 2015, quarta-feira, às 20h30, no Memorial da América Latina / Tenda Petrobras para o Cinema Latino-Americano

Locais

Memorial da América Latina / Tenda Petrobras para o Cinema Latino-Americano, Biblioteca Latino-Americana e Galeria Marta Traba - Av. Auro Soares de Moura Andrade 664, portões 2 e 5, Barra Funda, tel (11) 2769.8098

Cinesesc - Rua Augusta 2075, Cerqueira César, tel (11) 3087.0500

Cine Olido - Av. São João 473, Centro, tel (11) 3331.8399

Centro Cultural São Paulo / Sala Lima Barreto e Sala Paulo Emílio - Rua Vergueiro 1000, Paraíso, tel (11) 3397.4002

Cinemateca Brasileira / Sala BNDES - Largo Senador Raul Cardoso 207, Vila Clementino, tel (11) 3512.6111

Cinusp Paulo Emílio - Rua do Anfiteatro 181 (Colmeias, Favo 4), Cidade Universitária, tel (11) 3091.3540

Cinusp Maria Antônia - Rua Maria Antônia 294, Vila Buarque, tel (11) 3123.5200

Reserva Cultural - Av. Paulista 900, Bela Vista, tel (11) 3287.3529

Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca - Rua Frei Caneca 569, Consolação, tel (11) 3472.2365

Centro de Formação e Pesquisa - Sesc - Rua Dr Plínio Barreto 285, Bela Vista, tel (11) 3254.5618

Inscrições para o seminário internacional: R$ 15,00, R$ 7,50 e R$ 3,50

Iniciativa: Ministério da Cultura / Lei Federal de Incentivo à Cultura

Realização: Memorial da América Latina, Secretaria de Estado da Cultura e Associação do Audiovisual

Patrocínio: Petrobras e Sabesp - Companhia de Saneamento Básico de São Paulo

Correalização: Secretaria Municipal de Cultura, Spcine e Sesc São Paulo

Apoio cultural: Prodesp – Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo e Cinusp


Fonte: ATTi Comunicação e Ideias, através de Alessandra Lima.

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