domingo, 14 de junho de 2015

Crítica: De Gravata e Unhas Vermelhas, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Vencedor do Prêmio Félix de Melhor Documentário no Festival do Rio de 2014, o documentário nacional De Gravata e Unha Vermelha chega com um tema que está na boca do povo e nas redes sociais hoje em dia: a escolha sexual, que se estende a transexualidade, a procura da identidade sexual da pessoa, preconceito e a intolerância que essas pessoas sofrem ontem e hoje. O estilista Dudu Bertholini é o entrevistador que ouve alguns participantes da obra, além de claro deixar o seu próprio registro para câmera da diretora Miriam Chnaiderman.

O ápice do documentário é a virada de mesa sobre o papel de hoje dos gêneros masculino e feminino. Em De Gravata e Unha Vermelha, vemos de tudo um pouco, desde homens que viram mulheres, mulheres que viram homens, homens que se vestem como mulheres e não demonstram nenhuma timidez ao começar agir como uma.

Os entrevistados são pessoas também que se dividem pela escolha ou não da cirurgia da mudança de sexo. Uns por não acharem nenhuma necessidade ou por evitarem qualquer tipo de rótulo que a sociedade venha empregar. Entre os entrevistados famosos, se destacam Rogéria, Laerte e Ney Matogrosso. Contudo, são as pessoas pouco conhecidas que realmente chamam atenção durante o longa, como no caso de João Nery, Letícia Lanz, Johnny Luxo, Candy Mel, Walério Araújo e Bianca Exótica, que nos brindam com depoimentos que dão o que pensar durante a projeção, e por conta disso ocorre o único erro do documentário, o de não se aprofundar um pouco mais nos entrevistados não conhecidos pelo público, pois esses entrevistados deixam a sensação de terem muito mais conteúdos a serem compartilhados para nós cinéfilos, do quê aqueles entrevistados famosos.

Como um todo, o filme aborda as dificuldades causadas pela falta de aceitação pelo próximo, isso fica explícito através das declarações dadas pelos entrevistados durante o decorrer do filme. Como dizia Jean-Paul Sartre, “o inferno são os outros”, a discriminação desses outros acaba tornando mais difícil a vida de quem decide fazer o que quer com o próprio corpo e a própria vida sem se importar com as regras sociais pré-estabelecidas. Em tempos em que políticos e pastores intolerantes como Feliciano, Malafaia e dentre outros, lideram um conservadorismo brasileiro dos mais imbecis, a proposta de Miriam Chnaiderman em seu mais recente projeto que, mais uma vez trata de um tema polêmico e de pessoas que vivem à margem da sociedade, é de estrema importância e que merece ser visto e revisto com mente aberta.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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