quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Crítica: A Teoria de Tudo, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


‏ Em 2001, foi lançado o filme Uma Mente Brilhante, que retratava a vida do gênio matemático John Forbes Nash, que embora tenha revolucionado a teoria de jogos, sofria de esquizofrenia. Mesmo com esse problema, Nash seguiu em frente e veria os seus feitos darem frutos ao ganhar o prêmio Nobel em 1994. Claro que, uma história como essa nas mãos do cinema americano, sempre ocorre do roteiro ser mais convidativo (no caso de Nash no cinema, foi descartado a possibilidade dele ter sido gay) para assim ter o seu público.

Isso ocorre exatamente em Teoria de Tudo, em que retrata os primeiros anos em que o gênio Stephen Jawking (Eddie Redmayne) se destacou com as suas incríveis teorias sobre os buracos negros e a origem do universo, mas que infelizmente começou a sofrer de uma doença motora degenerativa quando tinha apenas 21 anos. Claro que somente isso não seria o suficiente para conquistar o público e, portanto o filme não se aprofunda como um todo sobre a carreira de Jawking, mas sim no seu relacionamento com a sua mulher Jane Wide (Felicity Jones) que, mesmo com todos os problemas do seu companheiro, decidiu abraçar o que realmente sentia por ele. Tem-se então o palco formado para conquistar o cinéfilo que assiste, onde vemos o protagonista superar as suas limitações, se tornando um símbolo de superação e ganhando apoio de seu amor.

Ou seja, é um filme que os membros da academia adoram premiar, mas como o tempo é implacável, por vezes acaba se tornando um típico filme lacrimoso da Sessão da Tarde. Porém, A Teoria de Tudo não cai exatamente nesta típica armadilha e isso muito se deve ao elenco, em especial a Eddie Redmayne: dava pouco crédito a esse jovem ator quando o conheci no filme Sete Dias com Marilyn, mas aqui, ele simplesmente desaparece, dando lugar a imagem de Stephen Jawking e mesmo não pronunciando uma palavra sequer quando protagonista se encontra no seu pior momento com relação à doença, enxergamos todo o esforço que ele quer passar para nós através dos seus olhos expressivos.

O desempenho de Redmayne, porém, somente tem êxito por completo graças a presença da atriz Felicity Jones que, ao interpretar a esposa do astrofísico, nos faz como se estivéssemos ao seu lado e sentir todas as dores, frustrações e forças que ela tenta trazer para fora, para então conseguir contornar todos os obstáculos que terá de travar. Claro que o olho mais atento irá perceber certa semelhança de sua personagem com a da esposa de John Nash de Uma Mente Brilhante, que foi interpretada por Jennifer Connelly. Porém Felicity Jones faz a diferença: a cena em que a sua personagem tenta fazer com que Stephen tente se comunicar através das piscadas é extremamente tocante.

Voltando a forma que o filme foi produzido para conquistar uma fatia do público, lamento com relação ao fato de não terem retratado um Stephen Hawking como um ateu ferrenho, pois a sua área não há espaço (segundo ele) para um ditador celestial. Embora eu seja católico, admiro pessoas que batem de peito aberto e se mantém fiéis com relação ao mundo em que vive e mesmo ele não crendo em Deus, não iria deixar de respeitar menos a imagem desse incrível gênio. Mas o filme foi pensado para ser visto pela massa e o Stephen Hawking visto aqui, é um homem que vive da lógica, mas que sabe criar determinadas linhas subliminares, fazendo com que a gente acredite que, ele respeita as crendices das pessoas, principalmente no que sua esposa acredita.

Com um belo documentário no currículo (O Equilibrista), James Marsh criou o filme A Teoria de Tudo para agradar a todos, sejam pessoas céticas ou religiosas. O que faltou talvez para o cineasta fosse coragem, em apresentar ao público em geral, um Stephen Hawking totalmente livre dos laços com relação a crenças religiosas, mas que independente disso, ganharia de qualquer forma o nosso respeito, graças a sua força, determinação e pela proeza de ter criado o seu próprio milagre.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário