quinta-feira, 17 de julho de 2014

Crítica: JOGO DAS DECAPITAÇÕES, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


O polêmico cineasta Sérgio Bianchi (Cronicamente Inviável) ataca com toda a fúria, exatamente quando o golpe militar de 1964 completa 50 anos, sendo que faz duras críticas tanto à esquerda quanto à direita. Mesmo eu não tendo visto os seus filmes anteriores, a sensação que eu tive é de que Sergio Bianchi tenha chegado ao seu trabalho mais provocante. O diretor enlaça os períodos dos movimentos da época da ditadura e dos movimentos de hoje, bem como mostra os atos e consequências daquela época sobre esta; a esquerda critica a direita, a direita critica o socialismo, o socialismo critica o capitalismo e assim se segue sempre num circulo vicioso e sem fim.

Enquanto isso, um jovem se sente cada vez mais pressionado consigo mesmo a escolher sua posição política, mas acaba entrando num labirinto sem volta. Sergio Bianchi deixa os supostamente oprimidos no chão, no momento que ele nos mostra o que por vezes, cai em um lugar comum os discursos de pessoas que querem reviver o passado, a eterna ferida da ditadura, mas o que não vemos é que a ditadura acontece desde a colônia, desde que o primeiro negro foi trazido para o Brasil, porém só quando revolucionários da classe média são presos é algo histórico e tem que ser falado. Curiosamente, as cenas de um filme do personagem Jairo Mendes (Paulo César) mostradas no longa diz de forma profética que no futuro ‘direita e esquerda jogarão o mesmo jogo’, são intercaladas com o filme de Bianchi, em que Leandro (Fernando Alves Pinto) está pesquisando e convivendo com o grupo de amigos de sua mãe, todos ex-militantes da esquerda durante a ditadura, que hoje estão no poder e lutam mais pelos direitos de ter suas indenizações nos bolsos.

No final das contas, Bianchi cria uma analise perturbadora sobre a sociedade brasileira contemporânea, principalmente depois das manifestações de junho de 2013 e dos casos de linchamento ocorridos recentemente. Em determinada cena do longa, Leandro e seu amigo Rafael (Sílvio Guindane) presenciam cenas de manifestação estudantil com repressão violenta da polícia, assim como brigas banais de trânsito com finais trágicos e que remetem com a nossa realidade nua e crua. No entanto, o diretor faz alusões a estes acontecimentos e não aprofunda a análise; sua verve e críticas funcionam como uma arma giratória, atinge tudo e a todos, tanto os grupos de esquerda, de direita, movimentos estudantis e de rua, acadêmicos, políticos, jornalistas e artistas de ontem e de principalmente os de hoje que por vezes não sabem ao certo no que estão protestando.

Saí do cinema com a mente a mil, mas ao mesmo tempo contente com á critica que ele faz com relação alguns grupos que se dizem parte da esquerda brasileira contemporânea, mas que na verdade não passam de alienados e que precisam urgentemente se reinventar ou saírem de cena por não saberem realmente a que protestar.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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