terça-feira, 7 de agosto de 2012

VI JORNADA BRASILEIRA DE CINEMA SILENCIOSO, De 11 a 19 de agosto em São Paulo.

Antes de ser a indústria de sonhos que conhecemos hoje, o cinema foi uma atração nas feiras e quermesses do século 19. Parte do espetáculo popular, ao lado de truques, mágicas, e circo, o cinema também satirizava um olhar inovador as contradições de um mundo que se transformava rapidamente em direção à modernidade. Para criar essa atmosfera de mudanças, a VI JORNADA BRASILEIRA DE CINEMA SILENCIOSO apresenta, entre os dias 11 e 19 de agosto, um experimento coletivo que abordará em diferentes sentidos a mágica do cinema.

Sob curadoria de Adilson Mendes, a VI Jornada traz ao público a mostra LUZES E SOMBRAS - dedicada ao cinema expressionista alemão, CINEMA SOVIÉTICO DOS ANOS 1920 - um panorama sobre a revolução russa, BRASIL – O ESPETÁCULO DE 1922 - filmes que tem como tema a nacionalidade e ainda os já tradicionais DESTAQUES DE PORDEDONE, com título do mais famoso festival dedicado ao gênero.

Na programação das atividades paralelas contamos com o SALÃO DAS NOVIDADES - série de atrações que reencenam a natureza popular do cinema dos primeiros tempos, o curso “O Cinema Soviético dos anos 1920: Massa e Poder”, com François Albera (professor de História e estética do cinema na Universidade de Lausanne) e uma conferência com Rielle Navtiski (Universidade da Califórnia) e Eduardo Morettin (ECA/USP) sobre “O Cinema Silencioso Brasileiro e Suas Diferentes Formas de Produção Documental e Ficcional”.

O evento conta ainda com a parceria de músicos que acompanharão ao vivo as principais sessões da Jornada. Sob a curadoria de Juliano Gentile, a Jornada 2012 apresenta as bandas Abaetetuba, Camerata Aberta, Paulo Santos, Psilosamples, Marcelo Armani, Mario Manga, Objeto Amarelo, Maurício Takara, Guilherme Granado, Rogério Martins, entre outros. Todos os filmes da Jornada com acompanhamento musical serão exibidos na Sala Cinemateca BNDES e em projeção silenciosa na Sala Cinemateca Petrobras.

Para encerrar as atividades da VI JORNADA BRASILEIRA DE CINEMA SILECIOSO, o público é convidado a assistir o clássico "O Gabinete do Dr. Caligari" de Robert Wiene, na fachada do Auditório Ibirapuera, ao ar livre, no domingo, dia 19/08, às 19h, com acompanhamento musical de Mário Manga.

Serviço

VI Jornada Brasileira de Cinema Silencioso

De 11 a 19 de agosto
Entrada Gratuita
Programação não recomendada para menores de 14 anos.

CINEMATECA BRASILEIRA
Largo Senador Raul Cardoso, 207
Próximo ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)
www.cinemateca.gov.br
ENTRADA FRANCA

AUDITÓRIO IBIRAPUERA
Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº
Parque do Ibirapuera – portão 2
Outras informações: (11) 3223-3966
www.auditorioibirapuera.com.br
ENTRADA FRANCA

****Programas ****

Luzes e Sombras

O programa LUZES E SOMBRAS exibe produções de diferentes nacionalidades e clássicos do cinema expressionista alemão da década de 1920, marcados pela radicalidade plástica de suas imagens. Entre as atrações, destaque para “Sombras – uma alucinação noturna”, de Arthur Robinson (Alemanha, 1923, 35 mm, pb com tingimento, 85 min), pelo uso estilizado da luz e dos cenários, que produz uma dramaturgia onírica e ao mesmo tempo opressiva.

As armas da juventude (Die waffen der jugend), de Friedrich Müller, Robert Wiene
Alemanha, 1913, 35mm, tingido, 28 min a 19qps
Estudante foge de colégio interno e é ajudada por dois criminosos. Comédia que marca a estreia de Robert Wiene, de O gabinete do Dr. Caligari e As mãos de Orlac, na direção.

Boytler no Lunapark (Boytler im Lunapark), de Otto Rippert
Alemanha, 1922, 35mm, pb, 18 min a 18qps
O ator russo Arkadij Boytler encarna um artista apaixonado por uma moça, e que vê seu amor ser ameaçado por um milionário, que conduz a moça e a mãe para Lunapark. Sem dinheiro, mas determinado, Arcadij entra no parque, e a polícia parte em seu encalço. A perseguição é alucinante e se desenvolve em meio às atrações.

A carruagem fantasma (Körkarlen), de Victor Sjöström
Suécia, 1921, 35mm, tingido, 106 min a 16qps
Na véspera do Ano Novo, três bêbados narram uma lenda que conta que, se a última pessoa a morrer no ano for uma grande pecadora, terá de conduzir a carruagem fantasma, aquele que leva as almas dos mortos. O filme é uma das obras-primas do cineasta e ator sueco Victor Sjöström. Outros quatro filmes seus, O mosteiro de Sendomir, Terje Vigen, O jardineiro e Vento e areia foram exibidos na IV Jornada Brasileira de Cinema Silencioso.

Escada de serviço (Die Hintertreppe), de Leopold Jessner, Paul Leni
Alemanha, 1921, 35mm, pb, 49 min a 20qps
Um jovem, apaixonado pela vizinha empregada, desaparece sem deixar rastros. Desiludida, a moça cede aos sentimentos do carteiro, que nutre uma mórbida paixão por ela. Certo dia, o jovem apaixonado retorna. À época, o filme incomodou o público alemão por sua representação da violência e da miséria.

O gabinete das figuras de cera (Das wachsfigurenkabinett), de Leo Birinsky e Paul Leni
Alemanha, 1924, 35mm, pb com tingimento, 82 min a 18qps
Um poeta é contratado pelo dono de um museu de cera para escrever contos sobre o califa Harun al-Rashid, Ivan, o Terrível e Jack, o Estripador. Atraído por Eva, filha do proprietário do museu, fantasia histórias extraordinárias nas quais se apaixonam um pelo outro. Um dos principais filmes do expressionismo alemão, com direção de Paul Leni (O homem que ri) e com Werner Krauss, Emil Jannings, e Conrad Veidt encarnando os personagens históricos.

O gabinete do dr. Caligari (Das Cabinet des Dr. Caligari), de Robert Wiene
Alemanha, 1920, 35mm, tingido, 73 min a 18qps
Num pequeno vilarejo da fronteira holandesa, um misterioso hipnotizador, Dr. Caligari, chega acompanhado do sonâmbulo Cesare, que supostamente estaria adormecido por 23 anos. À noite, Cesare perambula pela cidade, concretizando as terríveis previsões do seu mestre.


As mãos de Orlac (Orlacs Hände), de Robert Wiene
Alemanha/Áustria, 1924, 35mm, pb, 90 min a 22qps
Orlac, um talentoso pianista, sofre um acidente de trem que lhe arranca as mãos. Submetendo-se a um procedimento experimental, recebe mãos de um assassino que acabara de ser executado. Ao descobrir a quem pertenciam, Orlac passa a acreditar que é também capaz de matar.


Sombras - Uma alucinação noturna (Schatten - Eine nächtliche Halluzination), de Arthur Robinson
Alemanha, 1923, 35mm, tingido, 85 min a 20qps
Thriller psicológico sobre a bela esposa de um rico Barão que se vê assediada por quatro admiradores no meio de um jantar oferecido pelo marido. Em meio ao clima de perfídias e desconfianças, os pretendentes assistem um teatro de sombras representando o que pode lhes acontecer caso continuem tentando algo com a esposa do Barão. A sequência de abertura, evocando um espetáculo de sombras, apresenta os personagens do filme.

Cinema Soviético dos anos 1920: Massas e Poder

O Panorama CINEMA SOVIÉTICO DOS ANOS 1920 mostra a experiência da Revolução Russa, em 1917, que suscitou inúmeras respostas artísticas aos acontecimentos que se desenrolavam no plano concreto da História. Além das celebradas produções de mestres de vanguarda como Serguei Eisenstein e Dziga Vertov, cineastas russos também incursionaram por gêneros como o western, a comédia, o folhetim, o épico ou o filme de aventura, dispostos a lidar com a nova experiência social da revolução e com o desafio de representar as massas através da linguagem cinematográfica. Os filmes “O Raio da Morte”, de Lev Kuleshov (Rússia, 1925, 35mm, pb, 113 min), e “As extraordinárias Aventuras de Mr. West no País dos Bolcheviques”, de Liev Kulechov, (Rússia, 1924, 35mm, pb, 80 min) trazem o impulso da paródia aos gêneros tradicionais da indústria e propõem soluções políticas surpreendentes.

O águia branca (Belyy oryol), de Jakov Protazanov
Rússia, 1928, 35mm, pb, 76 min a 22 qps
Pequena província russa bem governada por um político tem sua ordem abalada por uma fábrica em greve. Pressionado pelo Czar, ordena a matança dos grevistas, mas terá que enfrentar a consequência do ato.

Arsenal (Idem), de Aleksander Dovjenko
Rússia, 1929, 35mm, pb, 86 min a 18 qps
Logo após a I Guerra Mundial, um soldado ucraniano retorna à sua terra natal. Sua chegada coincide com a celebração da liberdade nacional, mas as festividades estão com os dias contados – a investida branca luta para retomar o controle do país. Segunda parte da chamada “trilogia ucraniana” de Aleksander Dovjenko.

As extraordinárias aventuras de Mr. West no país dos bolcheviques (Ncobycajnye prikljucenija Mistera Vesta v strane Bol'sevikov), de Liev Kulechov
. Rússia, 1924, 35mm, pb, 80 min a 17qps
Um norte-americano ingênuo e sua esposa viajam à recém-fundada União Soviética. Preocupados com os supostos modos selvagens do país, que conheceram através de revistas americanas, acabam caindo nas mãos de um grupo de ladrões disfarçados de contrarrevolucionários. Paródia dirigida por Pudovkin, é considerado o primeiro filme antiamericano feito na Rússia.

A menina com o chapéu (Devushka Korobkoy), de Boris Barnet
Rússia, 1927, 35mm, preto-e-branco, 60 min a 18qps
Uma jovem chapeleira e seu avô vivem numa casa de campo nos arredores de Moscou. Um dia, a caminho da capital, conhece um engenheiro com quem se casa ficticiamente, para lhe arranjar um lugar para ficar. Clássica comédia romântica, com Anna Sten no papel principal. A atriz seria chamada de “nova Garbo” ao iniciar sua carreira internacional.


O raio da morte (Luch Smerti), de Lev Kulechov
Rússia, 1925, 35mm, pb, 113 min a 17 qps
Uma organização inventa o “raio da morte”. Agentes de inteligência dos países inimigos roubam a invenção, na tentativa de controlar dissidentes. Misto de ficção e filme de espionagem do famoso cineasta russo Lev Kuleshov.

As ruínas do império (Oblomok imperii), de Fridrikh Ermler
Rússia, 1929, 35mm, preto-e-branco, 100 min a 18qps
Sargento do exército do Czar perde o contato de sua amada, que casa com um aristocrata. Quando descobre, ele passa a desdenhar do imperialismo em favor do movimento bolchevista.


Destaques de Pordenone

Como nas edições anteriores, o evento apresenta os DESTAQUES DE PORDENONE, uma seleção de filmes exibidos nas diferentes edições da Giornate Del Cinema Muto de Pordenone, mais tradicional festival dedicado ao cinema silencioso. Neste programa, que reúne curtas e longas de diversas nacionalidades, os destaques são os curtas do programa “Os Perigos do Cinematógrafo” e o longa “Esposa e Mártir”, de Sam Wood (EUA, 1922, pb, com tingimento, 81 min), no qual a diva norte-americana Gloria Swanson contracena com o galã italiano Rodolfo Valentino.

Programa 1:

Os perigos do cinematógrafo: Selecionados por Elif Rongen-Kaynakçi e David Robinson, o programa apresenta curtas produzidos entre 1911 e 1913, e que observam a presença do cinema no cotidiano da época.

At the hour of three, de Wilfred Noy
Inglaterra, 1912, 35mm, pb, 14 min a 18qps

Artheme operateur, de Ernest Servaës
França, 1913, 35mm, tingido, 8 min a 18qps

Lost and won
Estados Unidos, 1911, 35mm, tingido, 12 min a 18qps

Amour et science, de M. K. Roche
França, 1912, 35mm, tingido, 14 min a 18qps

The picture idol, de James Young
Estados Unidos, 1912, 35mm, tingido, 15 min a 18qps

A Vitagraph romance, de James Young
Estados Unidos, 1912, 35mm, tingido, 13 min a 18qps

Al cinematografo… guardate e non toccate
Itália, 1912, 35mm, tingido, 7 min a 19qps

Programa 2:

As funny ladies da coleção Desmet: Os filmes deste programa, selecionados por Elif Rongen-Kaynakçi e David Robinson, são comédias interpretadas por mulheres, em curtas produzidos entre 1912 e 1914.

Cunégonde femme du monde
França, 1912, 35mm, pb, 7 min a 16qps

Stenographer troubles, de Frederick A. Thomson
Estados Unidos, 1913, 35mm, pb, 13 min a 18qps

The lady and her maid, de Bert Angeles
Estados Unidos, 1913, 35mm, tingido, 13 min a 18qps

Acque miracolose, de Eleuterio Rodolfi
Itália, 1914, 35mm, tingido, 10 min a 16qps

Le desespoirde petronille, de Romeo Bosetti e Georges Rémond
França, 1914, 35mm, tingido, 8 min a 18qps

Tilly in a boarding house, de Hay Plumb
Inglaterra, 1912, 35mm, tingido, 8 min a 18qps

At Coney Island, de Mack Sennett
Estados Unidos, 1912, 35mm, tingido, 7 min a 18qps

Gli inconvenienti della bellezza
Itália, 1912, 35mm, preto-e-branco, 9 min a 18qps
Programa 3:

Esposa e mártir (Beyond the rocks), de Sam Wood
Estados Unidos, 1922, 35mm, pb com tingimento, 81 min a 24qps
(Versão musicada por Henny Vrienten)
A filha de um casal de aristocratas decadentes é pressionada pela família a casar-se com um rico comerciante mais velho. Durante a lua-de-mel, conhece um lorde por quem fica fascinada. Único encontro dos astros Rudolph Valentino e Gloria Swanson. O diretor Sam Wood realizou clássicas comédias como Uma noite na ópera e Um dia nas corridas, e dramas como Por quem os sinos dobram.




Programa 4:

O jovem pastor (The little minister) de Penrhyn Stanlaws
Estados Unidos, 1921, 35mm, pb com tingimento, 62 min a 20qps
Na Escócia rural, o jovem ministro da igreja local conhece e se apaixona por uma bela cigana. Mas terá que superar uma série de obstáculos para viver este amor. A estrela Betty Compson interpreta a cigana nesta adaptação da peça do autor de Peter Pan, J.M. Barrie.

Brasil: O Espetáculo de 1922

O centenário da independência do Brasil é o tema do programa BRASIL – O ESPETÁCULO DE 1922. Dentro do espírito de euforia, realizadores celebram a nacionalidade e a modernização personificadas nas exposições, feiras, reuniões e inaugurações oficiais. A série de documentários reunidos no programa são testemunhos ricos e praticamente inexplorados de um momento importante da história do cinema brasileiro.

1922: a exposição da Independência, Roberto Kahané e Domingos Demasi
Companhia produtora: Batoque Cinematográphica
Amazonas, 1970, 35mm, cor, 15 min a 24qps
Entre 1922 e 1923, foi realizada no Rio de Janeiro a Exposição Internacional da Independência, em comemoração ao seu centenário. O cineasta Silvino Santos (1893 - 1970) documentou as atividades da Exposição. Este filme é a reconstituição de seu trabalho, em que as imagens foram recuperadas, obedecendo a um critério informativo de arquivos da época, e a banda sonora, uma ambientação musical da década de 20.

A chegada dos aviadores portugueses (Companhia produtora: Carioca Filmes)
Operador: Alberto Botelho
São Paulo, 1922, 35mm, pb, 7 min a 16qps
Registro da chegada dos aviadores Sacadura Cabral e Gago Coutinho em São Paulo. O trem chega à estação da Luz. Na saída, os aviadores são recebidos pela multidão até os carros que os levarão ao hotel.

Exposição nacional do centenário da Independência no Brasil em 1922 (Companhia produtora: Brasília Filme), Produção: Macedo e Oliveira
Rio de Janeiro, 1922, 35mm, pb, 10 min a 16qps
Registro da exposição comemorativa do centenário da Independência no Rio de Janeiro. Stands expõem produtos como locomotivas, máquinas para fabricação de meias, betoneira, máquina de fabricação de gelo, bombas, velas para carros, automóveis etc. Uma pianista e um cantor apresentam-se no local.

Ipiranga (Título atribuído), Produção: Armando Pamplona
São Paulo, 1922, 35mm, pb, 35 min a 16qps
Registro da construção do museu e monumento no parque do Ipiranga em São Paulo: a preparação do terreno, algumas máquinas, trabalhadores, carroças, escavação. Vista geral de toda a área da construção. Avenida, bondes, trabalhadores, vista do bairro.

Rio - Anos 20 - Carnaval (Título atribuído), Operador: Silvino Santos
Rio de Janeiro, 1922 - 1926, 35mm, pb, 7 min a 16qps
Registro do carnaval carioca da década de 1920: pessoas nas ruas, desfiles militares, cerimônias oficiais. Carros alegóricos são puxados por cavalos nas ruas, enquanto pessoas acompanham o desfile nas calçadas. Na rua, a movimentação de carros. A praia de Copacabana deserta. A fachada do prédio da Assembleia Legislativa. Pessoas passeiam na praça.

Fonte: www.atticomunicacao.com.br, através de Eliz Ferreira.

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